Hoje vamos entender um pouquinho melhor sobre o que há por trás de algo tão intrigante quanto o ato de sonhar, no post o “Significados dos sonhos: o que diz a ciência?”. Portanto, se você também ficou curioso, então confira comigo mais abaixo!
Desde de que Sigmund Freud escreveu o clássico A Interpretação dos Sonhos, em 1900, sobre desejos reprimidos manifestando-se à noite em nossos sonhos, muitas outras teorias surgiram no meio acadêmico.
Os sonhos regulam nossas emoções
Mais recentemente, já no século XXI, pesquisadores da Universidade de Yeshiva, em Nova York, acreditam na possibilidade de que os sonhos possam estar associados à regulação de nossas emoções. É o que os estudos parecem indicar.
Desse modo, quando sonhamos, revivemos experiências desagradáveis, por meio de nossas memórias, só que em um novo contexto. Nesse caso, as emoções negativas são atenuadas, de modo que, por assim dizer, somos capazes de lembrar, mas sem sofrer.
Assim, tais sonhos aparentemente ruins cumpririam uma função essencial em manter a nossa vida emocional em bom estado. Contudo, por vezes o processo falha. E é dessa forma que ocorrem os pesadelos. Isto é, acontece um alívio momentâneo da aflição, juntamente com a intensificação de que a ameaça percebida seria real.
De acordo com esse entendimento, haveria então uma distinção entre sonhos ruins e normais do dia a dia, e os pesadelos. Enquanto os primeiros seriam um sinal positivo de saúde mental, os últimos seriam um alarme preocupante de que algo não vai bem.
O papel biológico dos sonhos: Teoria de Simulação de Ameaças
Entretanto, há outros estudos igualmente interessantes que seguem numa direção diferente. Um deles é a Teoria de Simulação de Ameaças, do neurocientista finlandês Antti Revonsuo. Contudo, infelizmente ainda não temos nenhum de seus livros publicados em português.
Segundo Revonsuo, o sonho cumpre um papel biológico de adaptação da espécie humana em nossa história evolutiva. A realidade dos sonhos é como um cenário virtual (como games de RPG de mundo aberto! hehe) em que podemos treinar habilidades essenciais, na intenção de lidar com ameaças à nossa sobrevivência. Todavia, o treinamento se dá num ambiente seguro.
Temas comuns que se repetem nos sonhos
Um argumento a favor dessa linha de raciocínio é a recorrência de certos temas nos sonhos de pessoas das mais diversas culturas. É bastante comum, por exemplo, as pessoas relatarem que estão sendo perseguidas em seus sonhos, ou que estão “caindo”.
Mas, as pessoas também descrevem situações em que estão atrasadas para um evento importante, como uma prova, e nada ao redor parece ajudar, seja porque o trânsito está engarrafado, ou ainda, porque o motorista do ônibus virou na rua errada e se perdeu no caminho. Quem nunca sonhou, por exemplo, que de repente se percebia nu em público? (em tempos de pandemia, estar sem máscara na rua é praticamente o mesmo que estar sem roupa nenhuma no corpo rs).
Todas essas imagens oníricas citadas acima remetem ao perigo (num sentido amplo, o qual envolve situações desvantajosas), ou suscitam sentimentos adversos, como raiva e medo. Assim, o mais importante é, por assim dizer, a “estrutura subjacente” (o medo ou o perigo), e não tanto as imagens, que podem variar conforme o contexto no qual o sonhador está inserido.
Até porque, a vida moderna está difundida por todo o globo terrestre. Portanto, nada mais natural do que pessoas no Brasil, Finlândia ou Japão, relatarem sonhos em que estavam atrasados para a faculdade.
O conceito de imagens, símbolos e arquétipos estão entrelaçados. Caso você ainda ignore o sentido de cada uma dessas palavras, dê uma conferida nesse post aqui.
Conclusão – Significados dos sonhos: o que diz a ciência?
Quando eu sonho com algum acontecimento da minha vida que deixou marcas em mim, eu estou recebendo uma oportunidade de me reconciliar com o meu passado, com as pessoas envolvidas na história, e até comigo mesmo.
Muitas vezes somos dominados por emoções intensas, mas quando os sonhos abrandam tais sentimentos aflitivos, podemos tomar decisões mais razoáveis. Isso significa deixar o orgulho ferido de lado, por exemplo. Com os olhos desanuviados, ganhamos maior liberdade de ação.
Além disso, podemos simular no cenário virtual dos sonhos o treinamento de habilidades como a inteligência emocional. É um tipo de inteligência que não aprendemos a desenvolver na escola. Entretanto, em posse dela podemos estabelecer relações interpessoais mais saudáveis e satisfatórias.
Assim, vamos chegando ao final do nosso post de hoje “Significados dos sonhos: o que diz a ciência?”. E aí, o que acharam? Não se acanhem! Comentários, sugestões, críticas e elogios são super bem-vindos!
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Créditos: Photo by Josh Hild on Unsplash
Referências
Equipe Boa Saúde. Sonhos ruins podem ajudar a processar as emoções, indica estudo. Boa Saúde, 2009. Disponível em <https://www.boasaude.com.br/noticias/8057/sonhos-ruins-podem-ajudar-a-processar-as-emocoes-indica-estudo.html>. Acesso em: 17 jun. 2021.
Antti Revonsuo. Wikipédia, 2021. Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Antti_Revonsuo>. Acesso em: 17 jun. 2021.
HANCOCK, Jaime Rubio. Sair pelado, perder os dentes… Por que sonhamos com as mesmas coisas? El País Brasil, 29 jan. 2019. Ciência. Disponível em:< https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/15/ciencia/1547567642_962207.html>. Acesso em: 17 jun. 2021.